Turismo Acessível em Coimbra
Vamos visitar Coimbra no olhar do Paulo Cortez e tentar perceber quais as condições que a cidade oferece a pessoas com mobilidade reduzida.
O Paulo, hoje com 43 anos, diz que tem duas datas de nascimento. O dia em que nasceu e o dia em que fracturou a cervical e ficou tetraplégico.
Em ambas as vidas, sempre se divertiu, namorou, casou e hoje já tem um filho, o Zezinho.
Paulo não tem dúvidas que hoje as acessibilidades que a cidade oferece a pessoas com modalidade reduzida são muito melhores.
Recentemente foi à
Universidade de Coimbra e ficou surpreendido pelas óptimas condições de acessibilidade que esta oferece. Por outro lado, os acessos da Universidade para a
Sé Velha não são os melhores devido ao pavimento ser calçada e ser muito íngreme.
Já a zona da baixa agora está “uma maravilha”. Existem passeios rebaixados e os parques de estacionamento municipais são gratuitos para pessoas com deficiência que tenham o dístico identificativo.
Nos parques gratuitos como os dos centros comerciais há sempre lugares destinados a pessoas com mobilidade reduzida. Aqui a questão principal prende-se com o desrespeito dos cidadãos que utilizam esses lugares indevidamente.
Paulo enaltece o serviço de transportes rodoviários de mobilidade que a Câmara oferece. Apenas Coimbra, Lisboa e Porto dispõem deste serviço de acessibilidade. Para além das viaturas com piso rebaixado e rampas de acesso para cadeira de rodas que existem em algumas linhas (as de acesso ao hospital são maioritariamente adaptadas), há também um transporte de porta a porta de segunda a sexta feira, de manhã à noite. Para se ter acesso a este transporte é necessário fazer uma marcação prévia através do telefone 239 801 100 (ext. 304). O Pantufinhas, transporte de ligação entre a
Baixa e a
Alta da Cidade, oferece também rampas de acesso e dispositivos de fixação de cadeira de rodas.
Paulo explica também que tenta sempre que a sua condição não o impeça de fazer uma vida normal. Frequenta restaurantes e bares e diz que nem sempre estes espaços são adaptados mas que rapidamente se arranjam soluções. Refere o Restaurante Albatroz, de Leitão à Bairrada nos Fornos, como sendo um dos que oferece melhores condições.
Embora reconheça que hoje as condições são melhores, há ainda algum trabalho a fazer. É necessário despertar consciências. Muitos obstáculos que as pessoas de mobilidade reduzida enfrentam prendem-se com a falta de respeito que existe. Elevadores, lugares de estacionamento e passeios usados indevidamente. Por outro lado, ainda há algumas infraestruturas que podem e devem ser melhoradas como é o caso da Estação de Comboios que não oferece as melhores condições de acesso.
Apesar da seriedade do assunto, a nossa conversa com o Paulo foi leve e descontraída à sua semelhança. Conta-nos que a aquisição recente de uma Batec (equipamento elétrico) melhorou muito a sua qualidade de vida. O Zezinho que pedia muito ao pai para o acompanhar em passeios de bicicleta, teve o seu desejo concretizado com a aquisição da Batec, a primeira em Portugal. O parque do Choupal é agora o cenário de momentos de grande diversão em família. Porque o amor e a força de vontade quebram todas as barreiras e obstáculos.
Pontos positivos:
– Universidade de Coimbra
– Paço das Escolas
– Biblioteca Joanina
– Museu Machado de Castro
– Baixa de Coimbra
– Centros Comerciais
– Transportes Públicos
– Choupal (com Batec – equipamento elétrico)
Pontos negativos:
– Estação Coimbra B
– Acesso da Universidade à Se Velha (pavimento e passeios)
Sobre o Paulo Cortez
Paulo, hoje com 43 anos, diz que tem duas datas de nascimento. O dia em que nasceu e o dia 8 de Agosto de 1989. Aparentemente era um dia igual a tantos outros. Paulo tinha 16 anos e era um jovem bem disposto e cheio de energia. Ia para a praia de Buarcos e encontrou umas jovens espanholas que rapidamente chamaram a sua atenção. Acabaram por ir juntos para a praia. Enamorado por uma delas, foram trocando piropos ao longo do dia. Atraído para o mar onde a jovem se encontrava, Paulo ainda hesitou por várias vezes entrar. Contudo, acabou por se lançar e aí a sua vida mudou. Fracturou a cervical e ficou tetraplégico. Apesar de um longo período de internamento no hospital da Universidade de Coimbra e em Alcoitão, aos 17 anos Paulo regressou a casa. Sempre fugiu dos estudos a sete pés. Mas naquele momento, ficar parado não seria solução. Rapidamente terminou o secundário e tirou um curso de informática. Estagiou nos HUC e é lá que continua até hoje. Durante este período viveu sempre rodeado de amigos e fez as coisas normais de um jovem da sua idade. Divertiu-se, namorou, casou e hoje já tem um filho, o Zezinho.