O cantar ao luar.
A rua está calma e sem movimento. As estrelas e a lua vão assistir a tudo. No silêncio ouvem-se os passos. Eles chegaram. São de Coimbra, vestem capas negras e vão cumprir um ritual da academia, as Serenatas. Estas decorrem, à noite, debaixo de uma janela e costumam ser tocadas e cantadas a alguém que se ama, por Universitários ou Ex-Universitarios.
As Serenatas, em tempos, serviam para pedir comida às moças e oferecer algo de artístico à cidade e às suas pessoas. Atualmente, é uma forma de homenagear as meninas. Contudo, o cantar ao luar vai muito além do cortejamento. É uma libertação para quem gosta de cantar e tocar e de se exprimir através do canto e da guitarra.
A Serenata faz parte da essência da cidade e exige um ritual formal que não sofreu grandes alterações ao longo dos anos. Os primeiros acordes são pautados por uma composição pouco elaborada. Depois, então, começa a serenata: dois fados e duas guitarradas para abrir. 30 minutos passados, entre poesia e melodia, chega o momento crucial da Serenata, a declaração de despedida. Os últimos acordes fazem-se notar e despedem-se do momento. Do outro lado, as palmas não são bem-vindas. A única resposta que se pretende é a luz acender e apagar três vezes. Este é o sinal desejado. No entanto, as serenatas nem sempre são bem recebidas e há quem já tenha levado com verdadeiros baldes de água fria.