Peregrinos a Caminho de Fátima

Fé que se Move a Pé.
Todos os anos, por esta altura, as estradas de Portugal enchem-se de grupos de peregrinos. Vestidos com coletes refletores, caminham lado a lado com um único destino: Fátima. Considerada por muitos como a “terra santa”, acolhe ao longo do ano milhares de fiéis que ali vão proclamar a sua fé. Mas é em Maio, mês de Maria, que tudo se intensifica, especialmente nos dias que antecedem o 13. O dia 13 de Maio marca a primeira aparição de Nossa Senhora aos três pastorinhos, Jacinta, Francisco e Lúcia, em 1917. Conta a história que a Virgem Maria apareceu na Cova da Iria durante seis meses consecutivos, sempre no dia 13, com exceção de agosto, quando as crianças foram levadas para Ourém e impedidas de comparecer. Durante essas aparições, Nossa Senhora anunciou que os dois irmãos, Jacinta e Francisco, teriam uma vida curta, enquanto Lúcia viveria por muito tempo para dar a conhecer ao mundo a devoção ao Imaculado Coração. Fez-lhes ainda vários pedidos: que aprendessem a ler e a escrever, que rezassem o terço todos os dias e que orassem pela paz no mundo e pelo fim da primeira guerra mundial (1914-1918). No dia 13 de outubro de 1917, quando ocorreu a sexta e última aparição, cerca de 60.000 pessoas acompanharam os três pastorinhos. Segundo os relatos de Lúcia, enquanto Nossa Senhora se elevava ao céu, surgiram São José com o Menino Jesus e Nossa Senhora, vestida de branco com um manto azul, a abençoarem o mundo. Consecutivamente, viu-se nos céus novamente Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e, por último, Nossa Senhora do Carmo. O Milagre do Sol ocorreu também nesta aparição. Depois de uma chuva torrencial, o sol surgiu nos céus em movimentos de ziguezague, emitindo luzes multicolores. Presenciado pelas milhares de pessoas ali reunidas, muitos relatam curas milagrosas. Desde então, o dia 13 de maio tornou-se uma das maiores manifestações de fé do nosso país. Os peregrinos vêm de norte a sul, a pé, em silêncio ou em oração, carregando promessas, histórias e esperanças. Caminham durante dias, enfrentando o cansaço físico em nome de algo maior: a devoção. Ao chegar ao Santuário, é comum ver pessoas a cumprir promessas, ajoelhadas a dar voltas à Capelinha das Aparições, acendendo velas de todos os tamanhos, entregando-se à espiritualidade que envolve o local. Há quem vá para agradecer, quem vá pedir ou quem vá apenas para estar. Mas todos movidos por algo profundo. Mais do que uma tradição, a peregrinação a Fátima é um ato de fé, um caminho tanto interior quanto exterior. É o exemplo vivo de que, para muitos, a fé continua a ser um pilar que move montanhas, e, neste caso, que percorre quilómetros.