Em pleno coração de Coimbra, os Encontros de Fotografia – Associação Cultural e Recreativa continuam a alimentar o diálogo entre a cidade e a fotografia. A origem remonta a 1979, quando um grupo de jovens estudantes da Universidade, unidos pelo gosto pela fotografia, criou o Centro de Estudos de Fotografia na Associação Académica de Coimbra. O projeto cresceu rapidamente e, a partir de 1985, sob direção de Albano Silva Pereira (atualmente diretor do Centro de Artes Visuais, no Pátio da Inquisição), ganhou expressão nacional e internacional. Ao longo das décadas de 80 e 90, os Encontros de Fotografia afirmaram-se como um dos festivais mais relevantes do país, recebendo nomes de referência mundial. Em 2003, o festival deu lugar a uma nova fase. A associação passou a centrar a sua atividade no Centro de Artes Visuais, apostando numa programação regular com exposições, apoio a jovens criadores e iniciativas educativas. Ao longo dos anos, os Encontros foram também reunindo um acervo notável, feito de imagens, histórias e perspetivas que documentam não só a evolução da arte fotográfica, mas também a transformação social, urbana e cultural. Este acervo funciona como um arquivo vivo – como um álbum de memórias onde cada fotografia conta uma história. Pelos Encontros de Fotografia passaram inúmeros fotógrafos de renome mundial. Um dos que mais marcou foi Robert Frank, mestre da fotografia mundial, que sempre manteve uma forte ligação com os Encontros e chegou a ser homenageado pelo António Guterres, então primeiro-ministro de Portugal. A missão da associação mantém-se fiel à sua essência: divulgar e valorizar a arte contemporânea como linguagem artística, dar palco a artistas emergentes e estimular a reflexão crítica sobre a sociedade através da imagem. Leva ainda o seu acervo “fora de portas”, organizando exposições em outros espaços da cidade e do país. Como a exposição, “Cave – Obras da Coleção Encontros de Fotografia”, com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, estará patente entre 15 de julho e 20 de setembro de 2025, no edifício “A Feira dos Móveis”, a poucos passos do Hotel Oslo Coimbra. O ponto de partida foi o próprio espaço expositivo que inspirou uma reflexão sobre o que está nos bastidores da vida urbana: as margens, os gestos íntimos, os espaços esquecidos. Esta exposição traça uma cartografia afetiva e social: revela juventudes, periferias, paisagens que já desapareceram, e um quotidiano feito de histórias silenciosas, oferecendo uma multiplicidade de olhares sobre o território.
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