No coração do Paço das Escolas ergue-se um dos tesouros mais preciosos da Universidade de Coimbra: a Capela de São Miguel. Pequena nas dimensões, mas grandiosa na beleza, é um espaço onde fé, arte e história se cruzam há mais de cinco séculos.
A sua origem remonta a um oratório medieval do século XII, integrado no antigo Paço Real. A estrutura atual nasceu no reinado de D. Manuel I, no século XVI, e reflete o esplendor manuelino, visível no portal decorado com a Cruz de Cristo, a Esfera Armilar e o Escudo Real.
Dedicada a São Miguel Arcanjo, protetor do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a capela tornou-se um lugar de recolhimento e inspiração para gerações de estudantes. No interior, o azul e o branco dos azulejos seiscentistas conjugam-se com o dourado da talha barroca e com a serenidade das imagens sacras, criando uma atmosfera de harmonia, luz e contemplação.
O teto da capela-mor exibe a insígnia da Universidade de Coimbra e os brasões das antigas Faculdades Maiores: Teologia, Cânones, Direito Civil e Medicina, representando o saber como expressão divina e simbolizando a união entre conhecimento e espiritualidade.
O grande órgão barroco, construído em 1737 por Frei Manuel de São Bento, é o coração sonoro deste espaço. Concebido originalmente para uma igreja de maiores dimensões, impressiona pela sua escala e riqueza decorativa. Com mais de dois mil tubos e uma talha exuberante de motivos orientais, é considerado um dos instrumentos mais notáveis do seu tempo. O som que dele emana continua a encher a capela em concertos e cerimónias, ligando passado e presente através da música.
Hoje, a Capela de São Miguel continua a ser um espaço vivo da Universidade. Além das missas e concertos, é também palco de momentos especiais, como casamentos e missas de curso, abertos a membros e antigos membros da comunidade académica, mantendo viva a ligação entre tradição, fé e celebração.
Mais do que um monumento, a Capela de São Miguel é o coração sagrado da Universidade de Coimbra, um símbolo vivo da união entre fé, arte e saber, onde cada nota, cada reflexo e cada silêncio ecoam a alma desta cidade eterna.



